quinta-feira, 30 de maio de 2013

ARTE: Sakai de Embú.



MEMORIAL SAKAI DE EMBÚ


"A ARTE É A AUTO-EXPRESSÃO LUTANDO PARA SER ABSOLUTA"
Fernando Pessoa



Via-crúcis de lendas e folcloreO Memorial Sakai do Embu, inaugurado em 2003, tem em seu acervo peças do artista Tadakiyo Sakai, um dos maiores terracotistas do País. O conjunto arquitetônico inclui a Capela de Santa Cruz, inaugurada em 2008, o Cruzeiro da Paz e um pátio onde são realizados eventos. Além de uma ampla galeria de peças de Sakai e de outros artistas, o museu contém escola de terracota, com cursos regulares e oficinas gratuitos.
O museu é composto por 20 obras de Sakai, 13 da Via Crúcis, um baixo relevo da Festa de Santa Cruz, dois vasos, três touros, três índias e um São Francisco. As obras de Sakai são sincréticas. Ele acrescentou à cultura oriental elementos da cultura brasileira, indígena, católica e cabocla, acentuando uma identidade de traços entre a arte japonesa e a indígena do Brasil. Via-crúcis é um dos melhores exemplos da sua arte tão singular. É composta por baixos-relevos de cerâmica que representam a Paixão de Cristo, cenas do cotidiano da época, de lendas nacionais e do folclore local.

Touro: fonte de energia

                                                      

    Tadakiyo Sakai presenteava amigos com o touro de terracota que criou e tornou a sua marca. Para ele, era fonte de energia.


Chegada ao Brasil e Embu

Tadakiyo Sakai (5/1/1914-2/5/1981) nasceu em Nagasaki, Japão. Chegou ao Brasil em 1928 e foi morar em Taboão da Serra com o pai e irmãos. Já era órfão de mãe desde os 8 anos e perdeu a irmã e o pai logo depois. Casado com Sizuca, o jovem Sakai resolveu morar em Embu no início dos anos 1930. Ao chegar, trabalhou na granja de dona Bárbara, onde hoje é o Jardim Santa Bárbara, e foi agricultor nas terras onde mais tarde foi instalada a Maternidade. Sakai dedicou-se por 23 anos à lavoura.

Todos os dias, depois da lida, ele se dedicava ao desenho e à aquarela. Em 1950, ele procurou Cássio M´Boy, escultor e pintor que vivia em Embu desde os anos 1920 e já com uma carreira internacional, que morava em frente à cada dele, para mostrar seus desenhos e Cássio sugeriu que ele fizesse esculturas em barro. A sua vida artística também é resultado da convivência com os escultores Bruno Giorgi e Vitor Brecheret.

                                                   


O mestre

No fim da década de 1950, Sakai resolveu dar aulas de modelagem para crianças em seu ateliê da Vila Cercado Grande, que foi frequentado pela discípula Tônia de Embu, coordenadora do Memorial Sakai, e muitos outros. O mestre Sakai transmitiu a sua arte a crianças e adultos e se tornou responsável pela formação de centenas de ceramistas.

Outros legados 


Além da sua arte e de ter ensinado e influenciado muitos ceramistas, Sakai deixou outros legados importantes para Embu das Artes.

Festa de Santa Cruz: no fim da década de 1950, convidado pela comunidade, Sakai entrou para a Comissão Organizadora da Festa de Santa Cruz, iniciada em Embu com os jesuítas e os índios no século 17. O artista, apaixonado pelo tema, tentou, mas não conseguiu construir uma capela, por imposição da Cúria Metropolitana de São Paulo. No lugar da capela foi erguido o Cruzeiro da Paz. 
Salão de Artes Plásticas: foi idealizador do Salão de Artes Plásticas de Embu e presidente das primeiras edições desse evento, que contou com participação dos artistas Antenor Carlos Vaz, Claudionor Assis Dias, Cirso Teixeira, Josefina Azteca, Sizuca de Embu, Margarida Garcia e Ester Robacov. 
Exposições regionais: em 1970, com vários alunos, montou o Grupo Sakai do Embu, que organizava exposições em diversas cidades.

                                  

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